Sou o ano que vai embora
Gargalhando o gozo na maestria do ritmo
Em passos cênicos de bailarino diplomado
Gestos largos e incontidos,mas com a segurança
de quem vai
Saio e ensaio o escândalo da partida
em intervalos bem calculados,em travessões
bem concluídos
Disparo acenos coreográficos
por debaixo dos panos coloridos,dos guizos barulhentos,
das fitas e emendas
de um ousado figurino exclusivo.
Sou o ano que se retira rasgando a réplica
de um calendário
impondo a ilusão de que tudo se renova na paisagem
seguinte
E rio,e salto,e giro em rodas de antigas canções.
Mãos dadas nas figuras de papel.
Recortes da mesma silhueta.
Sou o ano que vai embora
E esquece as malas no hotel.
*Cida*
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Olhos de vidro
De quantas gotas preciso para semear uma lágrima?
De quantas lágrimas preciso para conter o teu pranto?
Vamos,não chores,que ainda
o teu riso é o melhor que ficou de ti,
da tal desdita,
da dita,da vida!
E a mentira que contaste
sobrevive em todas as cartilhas
em todos os bilhetes
e envelopes selados...
Não há entrelinhas em definições tão concisas.
Do amor...
Não,não fales do amor
que a linha do ocaso
se realiza em horizonte profundo,
e tuas mãos não tocam nem no sonho
nem no tempo.
Não me venhas falar do amor
com a angústia de quem se recolhe
acompanhando os pingos de vidro
por detrás da janela semiaberta para o mundo!...
*Cida*
De quantas lágrimas preciso para conter o teu pranto?
Vamos,não chores,que ainda
o teu riso é o melhor que ficou de ti,
da tal desdita,
da dita,da vida!
E a mentira que contaste
sobrevive em todas as cartilhas
em todos os bilhetes
e envelopes selados...
Não há entrelinhas em definições tão concisas.
Do amor...
Não,não fales do amor
que a linha do ocaso
se realiza em horizonte profundo,
e tuas mãos não tocam nem no sonho
nem no tempo.
Não me venhas falar do amor
com a angústia de quem se recolhe
acompanhando os pingos de vidro
por detrás da janela semiaberta para o mundo!...
*Cida*
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Olhares
O mesmo livro aberto na mesma página.
Apuro o paladar mastigando uma palavra
em sua nova ortografia.
Na primeira sílaba um tropeço e um engasgo:
Todas as letras saltam em filas desengonçadas
invadindo minha boca
e pressionando minha garganta.
Em resposta teu nome se afigura
como um sorriso tímido
esboço de um grito sufocado
em uma grafia interditada.
(Leve censura de um par de óculos sonolentos,
respeitosa recusa dos cardiopatas da linguagem.)
A página em branco me encara
e blasfema com ousadia.
Enfrento o desafio
(re) tocando todas as notas,
alinhando-as na pauta.
Experimento o teclado.
Desse compasso em diante
já não sei a quem pertence a fala;
se apenas me permitem dizê-la
ou se já me obrigam a escutá-la.
*Cida*
Apuro o paladar mastigando uma palavra
em sua nova ortografia.
Na primeira sílaba um tropeço e um engasgo:
Todas as letras saltam em filas desengonçadas
invadindo minha boca
e pressionando minha garganta.
Em resposta teu nome se afigura
como um sorriso tímido
esboço de um grito sufocado
em uma grafia interditada.
(Leve censura de um par de óculos sonolentos,
respeitosa recusa dos cardiopatas da linguagem.)
A página em branco me encara
e blasfema com ousadia.
Enfrento o desafio
(re) tocando todas as notas,
alinhando-as na pauta.
Experimento o teclado.
Desse compasso em diante
já não sei a quem pertence a fala;
se apenas me permitem dizê-la
ou se já me obrigam a escutá-la.
*Cida*
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