Olhos me espiam das gavetas entreabertas
Cobram-me valores brutos
valores líquidos
vencimentos pré-fixados.
Mãos de borracha me estendem
formulários em branco
arquivos genealógicos
e endereços bancários
em notas fiscais.
O meu olhar atravessa as paredes
em desvio de atenção
exibindo descaso e desdém.
Procuro sonhos
Teias e fios de cetim ou de algodão
Tecer degraus de náilon translúcido
Transmutar a inconsistente matéria
em ferro,fogo e ritmo.
Dormem suspensos casacos e blusas
saias e vestidos fora de moda
no armário de portas empenadas.
Posso ouvir o ruído das fechaduras
e o silêncio das chaves perdidas.
O rádio em seu surdo momento
descansa sobre as vozes contidas
mantendo o sonolento volume
das estações fora do ar.
A Santa na parede traz o milagre nas mãos
E a noite cumpre sua promessa
com a chegada do amanhecer.
*Cida*
Lindo por demais! Encantador! Fiquei sem palavras...
ResponderExcluirQue lindo!
ResponderExcluirIlma,
ExcluirVocê não imagina como aguça minha vaidade o
seu comentário!!!!!! Rsrsrs Obrigada!!!!!
Morena Katia,obrigada.Em qualquer momento suas palavras são muito importantes pra mim!
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