Joga-me no mar amparando-me nos teus braços.
No meu abraço uma onda de sal e sol afoga teu corpo aceso.
Imitando ondas menores
vamos e voltamos em suaves movimentos:
submergindo,
boiando na calmaria,
nadando com maior volúpia
em resposta à correnteza.
A mesma voz nos adivinha e ecoa do horizonte:
"Os amantes se aproximam"!
No entanto
tenho medo de que já não me reconheças mais
de que meu corpo deslize das tuas mãos
e que em olímpicas braçadas te distancies de mim...
Eu tenho medo de que o mar e o brilho da areia
apaguem do fundo dos teus olhos
a ternura com a qual me detalhavas...
Joga-me no mesmo mar de teu destino,
que meu fôlego é brando
mas suspira fundo por ti.
Cida
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Interline
Nossa ligação caiu
Entre choques nos circuitos
de nossas palavras cruzadas
O que não disseste
Subentendido está
O que me fizeste
Marcado em meu rosto inflama
irrompendo em cravos e pústulas.
No ar,em dimensão menos sensível
Gravados estão nossos momentos
Nossa voz adulterada
e meu soluço incontido...
Cida
Entre choques nos circuitos
de nossas palavras cruzadas
O que não disseste
Subentendido está
O que me fizeste
Marcado em meu rosto inflama
irrompendo em cravos e pústulas.
No ar,em dimensão menos sensível
Gravados estão nossos momentos
Nossa voz adulterada
e meu soluço incontido...
Cida
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Pena de escrever
Vale a pena de escrever.
Escrever
vale a pena?
Escrever a pena
vale de quê?
Se toda pena valesse
a dor de escrever
Escreveria por inteiro
que o amor só vale a pena...
*..."Qualquer maneira de amor vale a pena
(...)"Qualquer maneira de amor vale o canto
Qualquer maneira de amor vale amar..." (-Paula e Bebeto- autoria de
Milton Nascimento e Caetano Veloso)*
Escrever
vale a pena?
Escrever a pena
vale de quê?
Se toda pena valesse
a dor de escrever
Escreveria por inteiro
que o amor só vale a pena...
*..."Qualquer maneira de amor vale a pena
(...)"Qualquer maneira de amor vale o canto
Qualquer maneira de amor vale amar..." (-Paula e Bebeto- autoria de
Milton Nascimento e Caetano Veloso)*
sábado, 11 de junho de 2011
Descoberta
"Sinto presente o fim
de todos os sonhos
Nem choro mais
o consolo de ser triste."
Já não carrego a tristeza
Vivemos lado a lado e trocamos
em miúdos nossa vida diária.
Sem ela não sossego mais que um segundo
pois algo me impulsiona para realizá-la.
Já não tenho a tristeza
Somos (cada uma) as asas dessa borboleta escalafobética
amarela e azul.
O que nos divide e ampara,
-assegurando a existência-,
é esta larva incomunicante e altiva
sempre voltada para si mesma.
Cida
de todos os sonhos
Nem choro mais
o consolo de ser triste."
Já não carrego a tristeza
Vivemos lado a lado e trocamos
em miúdos nossa vida diária.
Sem ela não sossego mais que um segundo
pois algo me impulsiona para realizá-la.
Já não tenho a tristeza
Somos (cada uma) as asas dessa borboleta escalafobética
amarela e azul.
O que nos divide e ampara,
-assegurando a existência-,
é esta larva incomunicante e altiva
sempre voltada para si mesma.
Cida
Cálculos e Contas
Partiste
Sem acerto de contas.
Não acerto minhas contas
Com o fiscal nem com o freguês.
Permita-me,excelso companheiro,
que ponha na mesa as cartas
que embaralhamos no tempo.
Dá-me a que escondes na bainha da calça
e na sola dos teus pés descalços.
Sei dos teus segredos
Conheço teu jogo
e teu golpe baixo.
Só ignoro a hora do bote
e da cartada do curinga.
Perdi o jogo e o acerto.
Errei todas as contas nas provas;
na prova real me ignoraste,
na prova dos nove resvalei no nada.
Cida
Cacos
Meu amor partiu
Sem acerto de contas
Sem olhar de piedade
Sem palavra de amor
Meu amor partiu
Como se não fosse
Como se ida e vinda
Figurassem no contrato
Meu amor partiu
em sete mil estilhaços
minhas mãos
e meus braços
Fez-se de tolo
pra ganhar mundo
aventurou-se no programado
e fingiu mais uma vez.
Cida
Sem acerto de contas
Sem olhar de piedade
Sem palavra de amor
Meu amor partiu
Como se não fosse
Como se ida e vinda
Figurassem no contrato
Meu amor partiu
em sete mil estilhaços
minhas mãos
e meus braços
Fez-se de tolo
pra ganhar mundo
aventurou-se no programado
e fingiu mais uma vez.
Cida
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Homem
Tua cabeça pende com fúria na intenção do corte.
Os olhos por cima do olhar esbugalhando as órbitas
Teu corpo frenético em ritmo selvagem,
-ancas pesadas em fogo-
armadilhando qualquer reação de presa tão fácil.
Exibindo poder pelas narinas,e
o descontrole da ofegante respiração,
cravavas em minha veia a boca
de onde escorria a vida essencial.
O touro ganhava a arena destemido.
E dono,era só carne e amor manifestados.
Hoje teu tronco semi-erguido diante de mim, _sombra
e estátua-,
teu peso contido em breves gestos
e a postura tímida do ator que se autorretrata,
já não encenam qualquer movimento de ataque.
Não sei dos dois quadros
qual te representa real;
se touro encarnando desejo,
se homem,sem desejo,
dominado animal.
Cida
03.07.2006
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Grama
Aquela graminha ao pé do chão
entrelaçada a outra erva daninha,
esperança,velha escudeira,
desafia meus pés descalços
sangrando-os com seus espinhos...
Cida
entrelaçada a outra erva daninha,
esperança,velha escudeira,
desafia meus pés descalços
sangrando-os com seus espinhos...
Cida
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Olhos do futuro
Duas noites seguidas o frio enregelou o meu corpo.
Hoje o sol amanheceu na tarde fria,
rasgou as cortinas,estilhaçou as janelas
anunciando qualquer coisa que não compreendi.
Sê bem-vindo,sol do entardecer!
Abre o teu colo e guarda os sonhos
que pairam no ar da minha infância distante,
da menina que já fui quando a dama-da-noite
rescendia nas varandas
murmurando com a brisa
segredos ao pé do ouvido.
Sê bem-vindo,sol do entardecer,
que logo a noite chega de seus descaminhos
e venda meus olhos e silencia meus lábios
amarra meus braços
esconde meu passado
e me dá de presente
a solidão dos anos.
Cida
Assinar:
Postagens (Atom)