Quantos versos perdi por não saber captá-los
adorando-os à distância
dourando suas vestes
moldando-os com o olhar...
Quantos versos escaparam por não saber compreendê-los
Quantos versos se arrocharam em meu corpo tentando
decifrar-me
e hoje,sentindo o vazio do conhecimento
aparto-me de mim mesma
procurando abrigo em abraços menos eloquentes...
Quantos versos perdi por ter chorado
enquanto se riam da minha desventura;
versos cômicos,mascarados saltitantes,trapezistas e acrobatas
nas linhas horizontais.
Perdi-os de vista e da apropriação.
Quantos versos menti na solidão das noites,
no calor das madrugadas,
amansando o fôlego dos vocábulos
ou enlouquecendo uma constatação!...
Quantas vezes te perdi no aconchego de teus braços,
no ato irrespirável de dominar uma ilusão...
Amo-te,é o que sei,e admito
na caligrafia das linhas do meu rosto,
nos vincos irretocáveis de minhas unhas afiadas
nos quatro cantos das paredes do meu quarto...
Quantos versos persigo ainda para não perder-te de vez!
Cida
sábado, 28 de maio de 2011
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Quase tudo não são flores
Uma tela imensa estendida
Branca,reluzente,na alvura de puro algodão
Sorriso claro de flores
em um jardim pintado à mão.
Vermelhas pétalas unidas
entrelaçando paixão e vida
A natureza recriada
por traços firmes vestida.
Cada uma esperando um toque
e espargir o seu perfume.
E os sentidos entorpecidos,
aliados ao cego ciúme.
Não reagimos no momento seguinte.
Nada colhemos.
Dilaceramos a vida de algumas,
esmagamos a doçura de outras
com mentiras,traição e espasmos de angústia.
Dormimos o sono dos injustos
Nenhum bom dia,
e eu dizia:
"Somos incompatíveis na dor e no amor."
E aquele lençol branco encarnou-se com o próprio sangue.
Cida
Branca,reluzente,na alvura de puro algodão
Sorriso claro de flores
em um jardim pintado à mão.
Vermelhas pétalas unidas
entrelaçando paixão e vida
A natureza recriada
por traços firmes vestida.
Cada uma esperando um toque
e espargir o seu perfume.
E os sentidos entorpecidos,
aliados ao cego ciúme.
Não reagimos no momento seguinte.
Nada colhemos.
Dilaceramos a vida de algumas,
esmagamos a doçura de outras
com mentiras,traição e espasmos de angústia.
Dormimos o sono dos injustos
Nenhum bom dia,
e eu dizia:
"Somos incompatíveis na dor e no amor."
E aquele lençol branco encarnou-se com o próprio sangue.
Cida
Excomunhão
A hóstia tão branca em neve levada à boca
Rendida no céu virgem sem nuvens
Guiada pela inocente língua ainda sem paladar...
Já um sabor sinto-o agora
sem a ingenuidade de outrora
sem a pureza da entrega
dos lábios em oração...
Quem sou eu senão a mácula
por detrás do altar,de anjo vestida,
no umbral da minha contradição?
Meus pecados publicados
em pergaminhos enfumaçados;
honra,mérito,valores,apreços,
onde eu,que não me reconheço?
Quem sou eu,senão a culpada
de ter amado sem medida e cuidado
destroçando alma e corpo sagrados?
Joelhos dobrados em ato de contrição
Na esperança cruel de que em algum dia
Tuas mãos segurem fortemente as minhas
e me concedam a absolvição.
Cida
Rendida no céu virgem sem nuvens
Guiada pela inocente língua ainda sem paladar...
Já um sabor sinto-o agora
sem a ingenuidade de outrora
sem a pureza da entrega
dos lábios em oração...
Quem sou eu senão a mácula
por detrás do altar,de anjo vestida,
no umbral da minha contradição?
Meus pecados publicados
em pergaminhos enfumaçados;
honra,mérito,valores,apreços,
onde eu,que não me reconheço?
Quem sou eu,senão a culpada
de ter amado sem medida e cuidado
destroçando alma e corpo sagrados?
Joelhos dobrados em ato de contrição
Na esperança cruel de que em algum dia
Tuas mãos segurem fortemente as minhas
e me concedam a absolvição.
Cida
domingo, 22 de maio de 2011
Confissões
Benditos são os desfrutes
e todo pecado de amor
O mesmo anjo que me guia
é o que me distrai do caminho.
Perdida no vão de mim mesma
persigo a trilha do invisível
corrijo o desejo e o beijo
que trazia guardados comigo.
Glorificados os gestos
Refeitas todas as vontades
eu ainda te quero,confesso,
no murmúrio,no grito,no ato.
As almas dos mortos-vivos
não me livram do mal
não me afastam do perigo.
A motivação não é divina,
o ritmo,o verso e a rima,
são armadilhas da voz
que insisto em calar sob a língua.
Benditos são os pecados
e todos desfrutes de amor
A salvação só alcança
Quem tem na boca o sabor.
Cida
e todo pecado de amor
O mesmo anjo que me guia
é o que me distrai do caminho.
Perdida no vão de mim mesma
persigo a trilha do invisível
corrijo o desejo e o beijo
que trazia guardados comigo.
Glorificados os gestos
Refeitas todas as vontades
eu ainda te quero,confesso,
no murmúrio,no grito,no ato.
As almas dos mortos-vivos
não me livram do mal
não me afastam do perigo.
A motivação não é divina,
o ritmo,o verso e a rima,
são armadilhas da voz
que insisto em calar sob a língua.
Benditos são os pecados
e todos desfrutes de amor
A salvação só alcança
Quem tem na boca o sabor.
Cida
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Abraços
Guardo um abraço que absolve e silencia,
que se estreita e realiza em arco profundo.
Tenho outro que condena ao falso testemunho
da ausência eternizada,
e um jugo que me aciona
bumerangue de mim mesma.
Ah,que me enlaçaste intenso e firme
acolhendo-me longamente no amparo de teus braços...
Falseio.E ao flagrar meu peito arfando em dois suspiros
mergulho o ímpeto na insensatez do espanto:
nenhum desejo me atormenta
nenhum prazer me angustia!...
Ouço o eco do teu beijo no estalar da tua língua,
e de repente tudo se dissolve em um longínquo assovio.
Ah,que sou breve e sou mínima
Tempo e pausa se equivalem no registro de cada linha
Rendidos estão os meus braços
em cada abraço que eu tinha...
Cida
que se estreita e realiza em arco profundo.
Tenho outro que condena ao falso testemunho
da ausência eternizada,
e um jugo que me aciona
bumerangue de mim mesma.
Ah,que me enlaçaste intenso e firme
acolhendo-me longamente no amparo de teus braços...
Falseio.E ao flagrar meu peito arfando em dois suspiros
mergulho o ímpeto na insensatez do espanto:
nenhum desejo me atormenta
nenhum prazer me angustia!...
Ouço o eco do teu beijo no estalar da tua língua,
e de repente tudo se dissolve em um longínquo assovio.
Ah,que sou breve e sou mínima
Tempo e pausa se equivalem no registro de cada linha
Rendidos estão os meus braços
em cada abraço que eu tinha...
Cida
sexta-feira, 13 de maio de 2011
Segredo
Tenho um andar meio cambeta
Polichinelo arrevesado
atravessando o compasso
em uma avenida deserta.
Trago nas costas uma provisão
de pelo menos trinta palavras,
uma razão filosófica barata
que distribuo sem muito orgulho e convicção.
No olhar esgazeado transmito
esparsos desejos ocultos
um sem número de tolos pecados
parcas mentiras profissionais e
alguns arremedos técnicos.
Enviesando um pouco mais o tronco
corro o risco de significar.
Mas renego este perigo
já doei tantos sorrisos
vinculei alma e bom senso
concretizando enganos de amor.
O ponto que interroga-me nesta noite
é o mesmo que calou-me a boca
é o mesmo que fisgou-me a carne exposta
dilacerando vestes e nudez.
Por isso ando escabreada
cabeça de vento
e boca de brisa
testemunhando em silêncio
o delírio que cada momento
guarda em todas as palavras.
Cida.(Dedicado à Nanci Elizabeth Oddone)
Polichinelo arrevesado
atravessando o compasso
em uma avenida deserta.
Trago nas costas uma provisão
de pelo menos trinta palavras,
uma razão filosófica barata
que distribuo sem muito orgulho e convicção.
No olhar esgazeado transmito
esparsos desejos ocultos
um sem número de tolos pecados
parcas mentiras profissionais e
alguns arremedos técnicos.
Enviesando um pouco mais o tronco
corro o risco de significar.
Mas renego este perigo
já doei tantos sorrisos
vinculei alma e bom senso
concretizando enganos de amor.
O ponto que interroga-me nesta noite
é o mesmo que calou-me a boca
é o mesmo que fisgou-me a carne exposta
dilacerando vestes e nudez.
Por isso ando escabreada
cabeça de vento
e boca de brisa
testemunhando em silêncio
o delírio que cada momento
guarda em todas as palavras.
Cida.(Dedicado à Nanci Elizabeth Oddone)
terça-feira, 10 de maio de 2011
Poema da mais pura maldade
Claro que eu te amo, e
com um tantinho assim de gosto
nessa maneira perversa
de ferir teu coração...
Claro que eu te amo,
meu bem,te amo à beça
Mas o amor tem uma pressa
que não acaba mais!...
Por isso conto nos dedos
as vezes que não te vejo
E devolvo todos os beijos
que guardavas só pra mim!...
Cida
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Lembranças
Trago nos lábios o selo da tua boca
exibindo a estampa de incontida esperança
e a ilusão na ótica de ostensiva alegria.
No entanto é triste o meu caminho incerto
em passos frágeis de quem vai e vem...
O tronco em curva a dispensar cuidados,
o gesto e o medo alternando espaços
e a inconstância no apelo de qualquer carinho.
Arrisco mágicas,olhares e mímicas
com a maestria de quem sabe fingir:
alguns aplausos e palavas ocas
de quem desconhece o que está por vir...
Um eco profundo de uma eterna saudade
Irrompe o segredo trancado em minha boca
O silêncio vencido por uma voz rouca
Desatina a doer na máscara do riso.
Lá se vai em segundos o inerte sorriso
E a contração instintiva do gozo se faz
O último beijo que partilhamos na vida
Desafia meu intento de não querer-te nunca mais.
Cida
exibindo a estampa de incontida esperança
e a ilusão na ótica de ostensiva alegria.
No entanto é triste o meu caminho incerto
em passos frágeis de quem vai e vem...
O tronco em curva a dispensar cuidados,
o gesto e o medo alternando espaços
e a inconstância no apelo de qualquer carinho.
Arrisco mágicas,olhares e mímicas
com a maestria de quem sabe fingir:
alguns aplausos e palavas ocas
de quem desconhece o que está por vir...
Um eco profundo de uma eterna saudade
Irrompe o segredo trancado em minha boca
O silêncio vencido por uma voz rouca
Desatina a doer na máscara do riso.
Lá se vai em segundos o inerte sorriso
E a contração instintiva do gozo se faz
O último beijo que partilhamos na vida
Desafia meu intento de não querer-te nunca mais.
Cida
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Construção
Entre mim e a poesia
a distância se confirma
entre o sítio e o charco
Por isso navego entre estrelas
remando sempre o mesmo barco.
Pés no chão
corro becos sem saída e
quebro a cara em muro alto.
Corrijo a postura,escamoteio a ira
relendo em silêncio o mapa em nanquim
Amanso a dor pesquisando o terreno
apalpo o solo; terreno estéril
semente seca; esterco de palha...
Se abstraio profetizo a aliança
Se manipulo em ofício
argamasso a palavra ao verso
Mas não edifico
Nem subtraio
Um é amor
Outro é a dor
Lado a lado confinados,
emudecidos
e de olhos vendados.
Cida
a distância se confirma
entre o sítio e o charco
Por isso navego entre estrelas
remando sempre o mesmo barco.
Pés no chão
corro becos sem saída e
quebro a cara em muro alto.
Corrijo a postura,escamoteio a ira
relendo em silêncio o mapa em nanquim
Amanso a dor pesquisando o terreno
apalpo o solo; terreno estéril
semente seca; esterco de palha...
Se abstraio profetizo a aliança
Se manipulo em ofício
argamasso a palavra ao verso
Mas não edifico
Nem subtraio
Um é amor
Outro é a dor
Lado a lado confinados,
emudecidos
e de olhos vendados.
Cida
terça-feira, 3 de maio de 2011
Contradição
Não me digas apenas amiga
que o amor só perde por esperar
Vês? estou cansada,e é longa a vida
de quem,distraída,quebrou a rima
entortando versos,soltando-os no ar!...
Nas fugas em silêncio do meu canto
aproxima teu rosto e ouve em segredo
o que a palavra entende e me devolve
no sonoro eco de um beijo.
Esqueceste as mãos em meus cabelos
e teus acordes em minha nuca.
Não ignores,pois,o que a figura encena;
unindo voz e sopro
reconstruindo o poema.
Se me dizes amor apenas
na linguagem óbvia da despedida
Fica comigo uma estranha saudade
do tempo em que me chamavas amiga.
Cida
que o amor só perde por esperar
Vês? estou cansada,e é longa a vida
de quem,distraída,quebrou a rima
entortando versos,soltando-os no ar!...
Nas fugas em silêncio do meu canto
aproxima teu rosto e ouve em segredo
o que a palavra entende e me devolve
no sonoro eco de um beijo.
Esqueceste as mãos em meus cabelos
e teus acordes em minha nuca.
Não ignores,pois,o que a figura encena;
unindo voz e sopro
reconstruindo o poema.
Se me dizes amor apenas
na linguagem óbvia da despedida
Fica comigo uma estranha saudade
do tempo em que me chamavas amiga.
Cida
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